A POSIÇÃO DE HOMENS E MULHERES DIANTE DO PROTOCOLO E BOAS MANEIRAS!

Em uma determinada questão, durante uma avaliação de BOAS MANEIRAS que submeti meus alunos de Secretariado Executivo, tocava no assunto APRESENTAÇÃO entre HOMEM e MULHER no ambiente corporativo:   - “Um cavalheiro está sentado em seu escritório, quando entra uma dama para uma entrevista de negócios, e ele permanece sentado mas estende-lhe a mão. O que ela deverá fazer?”. Observei que uma das alunas se posicionou sobre o que fazer neste caso, com outro colega, discordando do mesmo, ou seja: um achava que o entrevistador deveria PERMANECER SENTADO, pois era o avaliador; o outro discordou dizendo que, por ser a entrevistada uma mulher, a mesma teria precedência sobre o homem e o mesmo DEVERIA SE LEVANTAR. Quem estava correto na avaliação?? Vamos ao contexto da questão e acompanhe meus argumentos sobre a posição da mulher no ambiente social e no mundo dos eventos públicos e protocolares.   Socialmente, o HOMEM LEVANTA-SE SEMPRE, independente do sexo daquele que se aproxima. Para as mulheres não: a mesma deve PERMANECER SENTADA SEMPRE, a menos que ela seja a ANFITRIÃ, que o apresentado seja uma AUTORIDADE, um ECLESIÁSTICO ou uma PESSOA BEM MAIS VELHA. Nestes casos, a mesma deve levantar-se e cumprimentar quem dela se aproxima.   Observem este exemplo de BOAS MANEIRAS e PROTOCOLO que a história nos proporciona que encontrei em minhas pesquisas.   Em uma determinada oportunidade, em Portugal, Guilherme, o filho mais velho do Príncipe de Gales, entra na sala onde uma senhora está sentada conversando com um grupo de pessoas. Todas se calam e se levantam. O príncipe (que tinha idade para ser seu filho) avança. Estende-lhe a mão, e a senhora a aperta – enquanto faz uma reverência. Depois, espera que ele lhe dirija a palavra. Só se ELE o fizer poderá conversar com ele. Se ele não abrir a boca, deverá manter a sua fechada. Quando ELE quiser, deixará de dar importância e passará a cumprimentar outras pessoas, que aguardam a sua vez de poderem saudar o príncipe. Interessante, não acham?   O que relatei é um exemplo que pretende ilustrar as diferenças que separam o PROTOCOLO das BOAS MANEIRAS quando os atores são o HOMEM e uma MULHER. Explico melhor: se Guilherme não fosse filho do Príncipe de Gales, a senhora não se calaria quando ele entrasse na sala e, sobretudo, não se levantaria. Pelo contrário. Tranquilamente SENTADA, esperaria que ele viesse falar com ela e decidiria se lhe estenderia a mão, para ele apertar, ou o rosto, para ele beijar. Perguntaria pelos pais e diria mais alguma amabilidade. Depois, deixaria que seguisse em sua entrada, esperando que, sendo o mais novo (e homem) e tendo acabado de chegar, cumprimentasse todos os presentes – como as boas maneiras mandam que se faça.   O que obrigou a senhora a levantar quando Guilherme entra na sala é o fato dele ser PRÍNCIPE. De TER PODER. Tanto poder que ALTERA as costumeiras REGRAS DA CORTESIA – e impõe outras: as REGRAS DO PROTOCOLO. Entenderam agora?   Porque é de PODER que falamos, quando falamos de PROTOCOLO. Seja o PROTOCOLO de Estado, seja o PROTOCOLO EMPRESARIAL. Entendam que, a CORTESIA também obedece a uma HIERARQUIA – de que são fundamentos o peso da idade e a fraqueza do sexo. Há duas regras básicas: o MAIS VELHO PRECEDE sobre o MAIS NOVO (ou seja, o mais novo é apresentado ao mais velho) e a MULHER passa ADIANTE do HOMEM (o homem é apresentado a mulher). São essas regras, geralmente cumpridas nas sociedades ditas civilizadas, que o PROTOCOLO CONTESTA E SUBVERTE. Vejam a SITUAÇÃO DAS MULHERES: nem elas passam a frente, por exemplo, de um ministro de Estado, embora este, se for um homem educado, pode ceder a precedência à mulher. O que é inteiramente contrário às REGRAS DA CORTESIA – e absolutamente normal conforme às REGRAS DO PROTOCOLO. O PROTOCOLO – no Estado como nas empresas – destina-se a afirmar e a encenar o PODER CONSTITUÍDO. E, como o PODER se quer forte e estável, o PROTOCOLO é, e não pode deixar de ser, rígido.   Hoje, o PROTOCOLO voltou a ter a sua "carta de alforria". De tal modo que aqueles que tem PODER (ou acham que tem) se preocupam com o lugar que lhes é destinado e a PRECEDÊNCIA que lhes é atribuída nas cerimônias públicas. Esse lugar, essa PRECEDÊNCIA, não são imutáveis. E as mudanças são tanto mais frequentes quanto mais curtos são os chamados ciclos políticos. Olhem o que aconteceu em período recente de nossa história política. No governo de Fernando Henrique Cardoso, a Casa Civil ocupava o lugar que lhe compete de acordo com o Decreto 70.274, logo após todos os Ministros. No governo seguinte, passou a ter destaque logo após o Vice-Presidente, passando à frente de todos os demais Ministros de Estado, contrariando frontalmente o referido Decreto.   “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Ou, para pormos a questão em termos protocolares, SÓ CEDE A PRECEDÊNCIA QUEM DE FATO A TEM. Mas, de modo geral, as PRECEDÊNCIAS são para se RESPEITAR, quando se trata, é claro, de atos oficiais ou eventos empresariais. Nestes, ao contrário do que sucede nas reuniões sociais, em que as MULHERES PRECEDEM OS HOMENS e os MAIS VELHOS PRECEDEM OS MAIS NOVOS, quem passa à frente ou ocupa o melhor lugar é sempre quem tem MAIS PODER, quem é MAIS IMPORTANTE, independentemente do sexo ou da idade. É por isso, também, que uma antiga regra de cortesia – a que poupava às mulheres os incômodos lugares nas extremidades das mesas – deixou também de se aplicar. Se elas forem MENOS IMPORTANTES do que os homens que nessa mesa também estejam sentados, não têm outro remédio senão ocupar os lugares menos nobreS, ou seja, as pontas das mesas.   Sobre a CORTESIA, prevalece, sempre, a HIERARQUIA. É o chefe, o patrão, o presidente quem mais ordena. A única forma que há para que as NORMAS DO PROTOCOLO não contrariem as tradicionais regras de cortesia – e que a mulher não perca, nesta matéria, os direitos ou as prerrogativas que tradicionalmente detinha – é conseguir que chefe, patrão, presidente sejam, todos, DO SEXO FEMININO. Não é impossível. Mas é, até onde observo, altamente improvável.   Até lá haverá tempo para melhor resolver algumas outras questões, que, parecendo desprovidas de verdadeira importância, constituem problemas reais para as mulheres que, na sua profissão, no seu emprego, querem afirmar uma IMAGEM DE COMPETÊNCIA, DE EFICIÊNCIA, DE AUTORIDADE.   Ah, e sobre quem estava certo ou errado na questão que inicia este artigo, pode-se dizer que o entrevistador, pelo PROTOCOLO, estava correto, mas não foi EDUCADO, pelas regras das BOAS MANEIRAS, entenderam? ENQUANTO ISSO, HOMENS, SEJAM EDUCADOS: DEÊM A PRECEDÊNCIA E PRIMAZIA PARA AS MULHERES!   Augusto Cesar tem MBA em Cerimonial, Protocolo e Etiqueta em Eventos Institucionais (www.augustolima.com.br), professor da UEPA para o curso de Secretariado Executivo Trilíngue, Chefe do Cerimonial da UFRA e Mestre de Cerimônias. CV: http://lattes.cnpq.br/4932785716921679.

Em 04/10/2016 - 11:38:26